sábado, 26 de julho de 2014

Existe um ponto mágico na vida da gente. Vou-não-vou. É aquele momento da faca no pescoço, do corta-não-corta, do passo-pra-frente, passo-pro-lado, passo-pra-trás. Fiquei emperrada feito porta antiga, comida por cupins e bichos que nem nome têm, porta pesada e cheia de marcas, arranhões, cicatrizes de chutes, batidas, tropeções violentos e histórias. Rangendo feito filmes de terror. Cena clássica: vento fazendo uhh-uhh, raios, trovões, mansão isolada, o nada. Chuva que cai, porta que range. Grito, socorro, sussurro. Senti pena e algumas agulhas de acupuntura cravadas no corpo inteiro. Pequenas e intensas fisgadas. Uma pena de mim, do meu ponto mágico, do momento é-não-é, da vontade de voltar, ir, ficar. Por que a memória às vezes paralisa? E se eu tivesse ficado? Teria sido diferente? Outro futuro, nova rotina, talvez o horário do despertador mudasse. De repente eu teria pintado o cabelo e entrado em um curso de alemão. E se eu pudesse apertar em um botão que fizesse a vida retroceder? Ver o que passou em uma tela grande e plana, cheia de cores, nitidez e saudade. E se o ponto mágico voltasse? Primeiro, uma tosse funda. E depois, aconteceu: o futuro é hoje.

sábado, 19 de julho de 2014

Faz Um Favor.

Entre um gole e outro de café, penso que as coisas andam meio confusas. Ando um pouco apatetada, quando penso em você lembro de como nossos caminhos não se encontraram. As respostas insistem em sair correndo, tento alcançá-las, mas algo me para. Talvez seja o pouco de vergonha na cara que me restou, talvez seja minha prudência dizendo chega. Não sei, procuro afastar tudo que possa te manter longe das minhas memórias. Nós acabamos nos perdendo e não há nada que possamos fazer para o tempo voltar. O tempo é impiedoso, urgente. Ele não quer esticar a mão e ajudar os necessitados, o tempo é egoísta. Por isso, nada mais nos resta. Não, eu não vou lamentar, não vou lembrar do tempo bom, mesmo por que a memória é traiçoeira, ela insiste em nos mostrar somente o que foi adocicado. A memória nega a luta, a lágrima, a memória não aceita a tristeza e a falta de cor. Faz um favor para o teu coração: para de acreditar nessa ilusão do amor romântico, do amor eterno, do amor que tudo suporta. Ele só é romântico quando uma das partes (ou ambas) resolve que vai ter romance. Ele só é eterno até onde tem que ser. Ele só suporta o que a gente quer. A grande verdade é que a gente deve desaprender tudo que aprendeu até hoje. Às vezes, o melhor que a gente tem a fazer é deixar pra lá, deixar esse tal de destino se manifestar, assumir a direção e tomar conta da nossa vida. Torço para que ele faça o melhor. Torço pelo nosso bem.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Existem dias em que a gente tenta explicar o que está lá dentro e não sobram palavras. Existem dias em que a gente tenta expulsar o que está lá dentro e não tem jeito. Existem dias em que a gente não queria ter nada lá dentro e...não consegue! Você olha para trás e descobre que tudo o que um dia teve infinita importância se tornou pequeno demais; irreal.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A verdade é que a autoestima não é minha best friend forever. Muitas vezes esqueço de convidá-la para eventos especiais, nem sempre a recebo com toda a atenção e delicadeza que ela merece. Erro feio com a coitada, que merecia tapete vermelho, espumante da melhor qualidade e uma massagem relaxante nos pés. Prometo tentar melhorar nesse ponto. E em vários outros, afinal, perfeição é uma palavra linda, mas só existe no dicionário.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Tenho me sentido um pouco só. Acho que deve acontecer com todo mundo. É que minha vida sempre foi muito dita, falada, eu contava as coisas, perguntava como proceder. Depois que meus pais sairam de casa isso mudou um pouco. Eu sei que é um sinal de crescimento, maturidade ou seja lá o que for. Também sei que pra uns chega antes e pra outros depois e tudo bem, mas às vezes me sinto estranha com isso. Parece que sou eu, minhas músicas, meus livros e uma casa de 4 quatros dois banheiro duas salas e uma cozinha que tenho que cuidar sozinha, no escuro, sem alguém pra segurar a minha mão. Sempre achei importante a gente ter alguém pra segurar a nossa mão pra dizer que tá tudo bem, por mais que o mundo esteja um caos e tudo pareça confuso. Mas me pergunto até que ponto as coisas são suficientes, até que ponto as pessoas bastam, até que ponto sua mãe, pai, irmã, amigo, namorado, cachorro servem. É claro que eles servem, não me interprete mal. Mas até que ponto eles suprem as suas necessidades. Existem coisas que são só nossas, isso ninguém tira. Por isso muita gente faz terapia, toca violão, pinta, escreve, corre. A gente precisa de uma válvula de escape da gente mesmo e dos outros. Estou sentindo que ultimamente minha vida é pra dentro, me descobrindo, tentando encontrar algumas peças perdidas. Tem uma diferença entre estar sozinha e se sentir sozinha. No momento, me sinto. Sei que é só eu pegar o telefone e ligar para alguém da minha família ou algum amigo que eles virão, mas a questão não é essa. Mesmo com alguém junto isso não passaria. Acredito que existem fases, ciclos, começos, recomeços. E acho que estou bem no meio de um deles.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Acho difícil falar, por isso escrevo. Não que eu não tenha tentado, Deus sabe que sim. Olha, tô meio em crise. Com tudo, é que eu tô conhecendo mais as pessoas e o mundo e as coisas todas e isso está me assustando tremendamente.
Fico triste ao constatar que as pessoas podem simplesmente se perder. Por quê? Por que não tentam? Por que vão perdendo a inocência e ingenuidade? Antes, viam tudo com olhos infantis, falavam o que dava na cabeça, abraçavam com força seus planos, viajavam em histórias tão puras. Antes, nada era mecânico nem ficava no piloto automático. Antes, não tinham medo do ridículo. Antes, tudo era motivo de comemoração. Antes, mais coisas eram valorizadas. Antes, pequenas coisas eram grandes eventos. Com o tempo, beijos são rápidos, o olho no olho vai saindo de cena, pensam e hesitam antes de pronunciar uma só palavra. Com o tempo, as músicas vão embora, o romance sai de fininho, o que foi tão bonito pega um lencinho e acena pela janela. Com o tempo, amizades podem ser esquecidas. Com o tempo, o amor por todo mundo pode ir ficando desbotado. Com o tempo, o cansaço pula no seu colo. Com o tempo, você pode acabar se sentindo sozinho no meio de uma multidão pulando no Carnaval. E você ali, vendo suor, alegria, confete e se perguntando: tudo isso pra quê? Eu não busco uma pessoa que está nos livros, quero alguém real. Mas o que eu quero, de verdade, é que o alguém real aceite a minha realidade. E ela é essa, se apresenta desse jeito. E não tem intervalos porque o meu coração nunca para.
Você, quando está brabo, grita. Eu, quando estou nervosa, tenho ataque. A natureza, quando se rebela ou tá a fim de uma confusão, manda um temporal e dá o seu showzinho particular. Não pense que não tenho coração. Por favor, tire a parte negativa, as enchentes, a falta de luz, os contratempos, o caos na vida e no trânsito. Vamos nos fixar na beleza dos temporais. Eles são, sim, bonitos. Assustadores, mas bonitos. Dão apertos no peito, mas possuem uma beleza exótica. A chuva sempre me fez refletir. Sei lá, penso em tudo. Passado, presente, futuro. Planos rabiscados, sonhos entalados na garganta, vontades pela metade, coisas assim. Todo mundo tem pedaços soltos. Fico pensando em tudo que eu quis um dia. Em tudo que deu certo. Em tudo que modifiquei. Em tudo que ainda quero. Em todas as saudades que sinto.