quinta-feira, 10 de março de 2011


Quero… Quero encontrar-te por acaso na mesa do café que frequentávamos, ver se o dono ainda nos reconhece das conversas intermináveis sobre música a que tínhamos, às vezes terminando em discussões. Acima de tudo quero descobrir que rugas já te apareceram, quero adivinhar onde vai aparecer a próxima e em quanto tempo o teu cabelo vai ficar grisalho. Se já tens a tua tão temida careca, ou se começam apenas a faltar alguns cabelos ali (vão voltar a crescer, decerto… careca é que nunca!).

Mas preciso que não me perguntes, que não me faças inquéritos do que se passou naquela tarde ou nos últimos anos. Quero recalcar as memórias, quero que as coisas por que passei afastada de ti não sejam mais memórias, apenas um sonho terrível que tive, para a seguir acordar ao teu lado. Sei que precisas de me conhecer e reconhecer, mas quero ser apenas a mesma pessoa que fui durante aqueles nossos tempos.

Não me arqueies a sobrancelha, sabes que o faço muito melhor do que tu, que a minha direita fica muito mais para cima e completamente arqueada e que à conta disso fico com uma cara de parva impressionante. Agora com as rugas ainda pior… Preciso de ti ao meu lado mais do que sempre, preciso de alguém que consigo ver na escuridão, de alguém que reconheço sem ver (será que ainda te reconheço?).

Diz-me que aceitas, diz-me que não estou a ser egoísta (mente-me). Mas preciso de ti. Prometo que te faço cafés o resto da vida se me quiseres nela. Fazes-me o chocolate quente?

'Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas'!

Mario Quintana - Espelho Mágico

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