domingo, 6 de março de 2011


Um expresso, por favor, a pergunta que se segue seria difícil responder, com leite ou puro. O meu seria puro, mas qual seria o pedido do meu acompanhante. Pergunto ao meu acompanhante e ele quer um com leite, mas o meu tem de ser puro, pois gosto de sentir o cheiro que o café exala quando está puro e ainda não foi invadido pelo açúcar ou pelo adoçante.

Quero sentar na parte de fora!

Pensando cá com os meus botões é uma ótima escolha, pois do lado de fora posso divagar sobre o maior crime contra mim mesmo: O dia não está quente, nem frio. Uma meia malha seria perfeita para nos proteger contra aquela meia estação. A voz que ultrapassava a mesa era doce, cortava o nosso silêncio e nos envolvia juntamente ao aroma daquele maravilhoso grão de origem tão próprio.

Lembro-me da primeira vez em que estivemos aqui, faz muito tempo, mas o pior não foi contar o tempo que estivemos longe, mas contar quantas vezes estive neste mesmo café sem a graça de minha companhia.

– aqui está os dois cafezes.

Nós nos entreolhamos e logo estávamos fazendo cara de paisagem, pois aquele garçom tinha cometido o pior crime de sua vida. Ele tinha deslizado pelas normas da língua portuguesa, nós nunca o recriminamos, mas aquele encontro nunca mais foi o mesmo depois daquele dia.

Olho novamente para o garçom e em sua bandeja há apenas um café. Pergunto-me o motivo do esquecimento, mas logo olho para o lado e percebo que meu acompanhante não está me encarando. A voz doce e aveludada, não existia mais. Será que tudo que acabara de ver havia sido uma ilusão? Sinto que estou sozinha, pergunto ao garçom onde está meu acompanhante e ele me informa que entrei desacompanhada e que estava sentada ali por mais de dez minutos com uma aparência tão boa que não quis interromper a minha paz e divagação.

Agradeci àquele pobre moço que sentia pena em me olhar aquele dia e me avisar que este mesmo problema acontecia duas vezes por semana e que todos os funcionários já estavam acostumados com esse comportamento. O moço me perguntou a quem eu esperava e o porquê da espera.

Contei que foi uma homen, mas não era uma homen qualquer era uma homen muito à frente daqueles com as quais a sociedade estava acostumada a lidar. Ele era romântico e apaixonado não só pela vida, mas também pelos olhos daqueles que o encaram todos os dias. Os olhos lhe demonstram como uma pessoa pode mudar, e apenas os nossos olhares demonstraram muito mais do que os outros estavam acostumados a ver em mim.

Eu poderia ser apenas mais um livro em suas prateleiras, mas eu fui aquela escolhida em meio aos outros para ser carregada e limpa. O livro da minha vida poderia ter continuado esquecido e empoeirado, mas ele está muito novo e conservado, foi tocado por suas mãos e só assim começou a ser lida uma nova história. A história escrita à caneta tinteiro que não se pode consertar, pois o que já foi escrita e lidp, nunca mais mudará, mas se virarmos a pagina haverá linhas entrelaçadas formando letras que formarão textos e assim a história continuará a ser contada, intacta do mesmo jeito que o autor a escreveu.

Um Grande Abraço

2 comentários:

  1. Que texto cara!!
    Show de bola,
    Meu 1° comentário rsrsrsrs
    beijo andry
    (Juninho,MG)

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