quinta-feira, 20 de março de 2014

Não tenho nem o direito de invadir espaços que não são meus.Todo mundo sabe que mulher fala pelos cotovelos. E eu não fujo da regra. Ontem à noite eu estava tentando assistir um filme, mas o sono não deixava. Por isso, perdi partes importantes e acabei não entendendo nada do contexto. Tudo bem, pensei, vou escovar os dentes e deitar para dormir. Escovei os dentes, deitei, e de repente o meu sono foi embora. Isso acontece com frequência.Eu, que já estava a mil, queria assunto. Isso também acontece com frequência aqui em casa: quero bater altos papos na madrugada. Então, entre uma falada e outra (com as paredes, é claro ) eu disse:Olha, não sei aceitar as pessoas como elas são. Mas por que diabos a gente não aceita as pessoas como elas são? Acredito que ninguém me aceita como sou. É muito difícil a gente ver os próprios defeitos nos outros. É intolerável, desgastante, chega a dar raiva. É o espelho quebrado, é o avesso embolorado. Nunca quis um mundo perfeito cheio de pessoas perfeitas, bem penteadas, com sorriso branco e coração de ouro. Só quero que as coisas sejam mais justas, mais coerentes, mais humanas. Acho que não é pedir muito. O mundo precisa disso: humanidade. E, também, humildade. Ser humilde para reconhecer as próprias falhas. Ser humilde para reconhecer que não consegue fazer determinada coisa. Ser humilde para ceder o lugar a quem precisa. Ser humilde para entender que ninguém é melhor que ninguém. O orgulho estraga o gosto bom das coisas. Destrói relações, atrapalha o bom funcionamento do ambiente de trabalho, faz amizades descerem a ladeira. O orgulho nos afasta de quem somos. E traz de brinde uma solidão assustadora. Por isso, a gente tenta daqui, tenta dali e procura se esforçar diariamente para entender. E parar de lutar com os defeitos dos outros.

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