
Eu vou ficando mais velha na mesma medida que emotivo e não deu pra segurar mais um dos meus meio sorrisos sarcásticos de quem não suporta o peso de uma lágrima escondida, de revesgueio. Você já pensou sobre as sensações que deixou de viver por preguiça de fechar um pouco os olhos? Nem eu. Aí vem o Roberto Carlos, requenta o velho, esquece de cantar uma velha canção e me faz lembrar da última coisa que disse a você - a gente ainda se vê, um dia.
Ah, se eu não tivesse sentido nada. Ah, se eu tivesse a mania de sempre abrir mão do que fosse dar errado. Ah, se eu tivesse nascido com a incrível habilidade de ouvir. Ah, se eu não tivesse entrado no jogo pra perder, perder muito mais do que era capaz de imaginar, perder você. Perder seus sermões e seu sucos e suas marcas de pé quente no chão frio. E "Ah" uma porrada de outras coisas que submergem no intervalo até o dia que a gente ainda não se viu.
Me sinto com sorte de saber direitinho onde encontrar sensações mais fortes e intensas, mas eu queria mesmo é ter a sorte de ser como aquelas pessoas que sabem admitir quando precisam muito de alguém. Hoje eu fujo de mim, depois de tanto fugir de você. Eu quis o mundo, eu quis tudo, carreira, sucesso e gente com cara de comercial de creme dental rindo das minhas piadas idiotas. E hoje namoro com sua caixa postal, querendo ser o mesmo robô que me relembra que sua voz suave, e às vezes meio irritante, já não pode mais me atender.
Ainda lembro, sempre disse que amar não é tudo, quase nada. Aí o especial do Roberto Carlos vem e valida tudo que eu disse. Amar não é tudo, só aquilo que você precisa, o essencial. Como a única muda de roupa que você precisa pra ter coragem de viajar pelo mundo. O mesmo mundo do qual me sentia dona, cheio de promessas e grande demais, e hoje nos impede de andar com as mãos cruzadas. O mesmo mundo lotado de gente que faz eu me sentir a máxima por tão pouco tempo. Se antes eu não cabia em mim, agora não caibo em lugar nenhum.
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