segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Hoje eu queria te dizer, minha mãe, do quanto olhar para você me faz sentir saudade. Vontade de um tempo onde chamar por teu nome era fazer do teorema difícil a mais simples conta de somar. Querência dos anos através dos quais você pode me contar de fadas e dragões. E até me mostrar ou sugerir o que havia de bom no pote ao fim do arco-íris.
Você minha mãe, nunca me disse contos isso são coisas que argumenteis, você mãe sempre foi guerreira, hoje passa por tantas e tantas coisas da quais não consigo nem guarda comigo sem derramar gotas que dos meus olhos saem!
Quantas vezes tive medo da noite escura e ouvir sua voz era fazer do meu quarto a mais inexpugnável fortaleza. Hoje olho para você e te vejo tão frágil que fecho os olhos para reconstruir a armadura que – imaginava – você tinha por debaixo daquela roupa. Sem medo do trabalho, da rua escura, do ônibus lotado, da chuva torrencial, da assustadora barata que ainda hoje aprisiona a aryeli no castelo tenebroso do eterno medo.
Um sentimento de puro, imensurável e espetacular amor por você mãe, arde em meu peito como chama que não se extingue. Então, um ardor de saudade sangra minhas entranhas e as memórias se engalfinham em devaneios.
Nesses momentos, sinto como se teu perfume, tirado de mim tão subitamente, tivesse preenchido o ar à minha volta e impregnado as ruas, corredores, salas, jardins e alamedas da minha cidade.
Minha tristeza momentânea, motivo de uma ausência ainda sufocante mesmo que tão longínqua no tempo, aperta meu coração e então viro chuva de lágrimas que teimam em não cessar. Carinhos, afagos da tua pele macia que posso apenas lembrar. Apenas lembrar...
Mãe, o que fazer com essa sensação de perda que não finda? O que fazer com tantos jovens secos por dentro, frios, racionais, concretos, insensíveis à tua presença? O que fazer com essa geração que perdeu o prazer de recostar no peito materno e deixar-se ali, acalentando sonhos, absorvendo ternamente a energia que brota incessante do teu corpo protetor?
Mãe, que saudade! Não há artifício que possa substituir a tua falta na minha vida. E cada momento sem a tua presença é como se, aos poucos, eu fosse me desfazendo pelo caminho em direção a uma solidão qualquer. Uma solidão-mulher!
Mãe estou precisando tanto de você ao meu lado.
Então, mãe querida, olho em volta e vejo tantos filhos-ocos, filhos-pedras, filhos-aço, filhos-impávidos, filhos-games, filhos-droga, filhos-griffe, filhos-internet, filhos-asilo, filhos-profissionais, filhos-indiferentes... Todos eles perdidos, sem notar a presença materna vital na construção humana e então fico desolada de saudade de você.
O mundo está precisando tanto de você aqui.
"Difícil ficar sem você, às vezes só faço chorar
Ouvir seu lamento daqui, saudades eu sinto daí."

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